sábado, dezembro 07, 2019

Beleza Oculta

Quando comecei a escrever meu livro, não imaginava que ficaria mais de dois anos sem passar por aqui. Mesmo não revelando grandes partes, pensei em continuar compartilhando minhas histórias e pensamentos. Hoje, após tantos acontecimentos, volto para falar sobre Beleza Oculta, de 2016, filme de David Frankel (Marley & Eu),com o roteiro inteligente escrito por Allan Loeb (Coincidências do Amor). Não propriamente do filme, não vou resenhá-lo aqui, deem uma olhada em http://www.adorocinema.com/filmes/filme-238310/criticas-adorocinema/ mas não deixem de ler os comentários, também não concordo com o crítico.

A história me levou a mais intensa reflexão. Da desilusão da vida (depressão) à queda drástica da relevância das coisas que insistem em sobressair em nossa mente: amor, tempo e morte. Sim! Essas coisas são relevantes para que eu possa enxergar a vida de uma maneira não tradicional e perguntar para mim mesma sobre elas.

A beleza oculta (a vida, o sorriso, simpatia, alegria....) revestida de capa protetora, que bloqueia a lágrima e transforma o silêncio em armadura. Pelo belo momento do sentido de amar, esqueço-me, mesmo por instantes, das dores insistentes e certa de que o tempo vai passar, o momento vai chegar e com ela a morte. Vejo o quão importante se torna o momento de ira, desprezo ou raiva. A covardia de esquecer a dor do próximo, sua história e a luta pelo que já passou e já conquistou. Saber da  deselegância da falta da importância e sobre o pedestal está apenas uma armadura, feita de capa de papel, esquece que também chora, e molha, e rasga. Restrinjo-me a pensar que esqueceu que também coloca a "cara" na obrigação de enfrentar desafios, obstáculos e se vê onde o mesmo um dia colocou, julgou, condenou quem já esteve ali, ao seu lado. O tempo passa, talvez também se esqueceu que amanhã poderá não mais vê-lo parado ali. Se a armadura permitir, restará apenas a saudade. 

Agora em terceira pessoa, perdemos tempo jogando fora a essência, a família, o amor, a amizade. Deixamos de amar e nos matamos com frequência. Matamos o outro sem ao menos perguntar: Tá tudo bem por aí? Dá pra aguentar?
Deixamos de acreditar. Opa! Algo novo chegou e voltamos a acreditar no amor, tempo e até na morte.
Enquanto ela não chega, passamos a viver o que nenhuma outra pessoa será capaz de escrever, a não ser nós mesmos. Nossa história. Nossa vida. Tudo isso contra a correnteza da desilusão. Lutando pela permanência do esperado. Novamente as águas o levam do volta. Somos humanos!

Onde está nossa beleza? Nas coisas, nas pessoas ou em nós mesmos? A vida revela grandes mistérios que não conseguimos desvendar. Até onde podemos ir? Até onde aguentaremos lutar? Cadê a união? Cadê a preocupação? Cadê a importância? Prefiro acreditar que existem sim, pessoas que deixam de questionar seus problemas pessoais, pagam 20 mil para sua cabeça pensar e apelam para seu coração reagir. Existem amigos, família! E nós? Estamos fazendo o quê para mostrar nossa beleza oculta? Somos capazes de amar! Somos capazes de driblar o tempo e até mesmo vencer a morte! Eu venci! E contra ela vou continuar lutando! O que eu peço, hoje, que o amor vença, que a vida me dê mais tempo e novamente não me tirem até mesmo a vontade de escrever a minha própria história! A vida é uma grande escola e a nossa dor também pode ensinar!

Mais amor, mais compaixão, mais união!