segunda-feira, maio 07, 2007

A responsabilidade de quem nunca cuidou.

O temor de um novo dia nos apavora pela intensidade que os seres humanos reagem a uma resposta de um grito de socorro. Ao invés de estarmos preocupados com que "tipo" de Brasil vamos alcançar, infelizmente temos que nos preocupar com os "tipos" que formam esse Brasil.

Este ano, não tão diferente dos outros, presenciamos terríveis atos de violência no Brasil como o caso trágico do menino João Hélio. O jornalista Fritz Utzeri em seu artigo publicado no Jornal do Brasil em 11 de fevereiro pergunta "Que sociedade é esta que transforma gente como nós em monstros capazes de cometer crimes que ultrapassam o conceito de crueldade, como o que vitimou o menino João Hélio?" A criança não teve culpa pela nenhuma educação dos assassinos e muito menos com que tipo de sentimentos foram criados, mas covardemente foi assassinada, sem dó ou remorso, sua vida foi tirada. Sempre dizemos "Deus quis assim." Mas ao mesmo tempo nos perguntamos se essa realmente foi a vontade de Deus.

É muito triste ver uma vida acabar assim. A covardia sem limites de uma criança (menor) cruel. Mas a responsabilidade de termos uma criança capaz de tirar a vida de outra, é da própria sociedade, dos pais que o criaram. Deram a educação, ou melhor, nenhuma educação que a humanidade exige.

O "barulho de papelão rasgando" por sete quilômetros, os pedaços de inocência deixados pra trás, "o caminho de rastro macabro" de uma morte pavorosa de um "anjo" pagando por um pecado que nunca cometeu, nos provoca quando pensamos no tipo de “bicho-humano” que criamos, capaz de provocar essa dor. Deus permite acontecimentos como este para que possamos parar, pensar e analisar como estamos agindo diante a tanta desgraça

Os dois assassinos dessa trágica história, (não nomeados aqui para não constranger, e, sim, por minha vergonha de saber que existem) vão pagar, sim; não sabemos onde, se na justiça do mundo ou na justiça de Deus, mas eles certamente um dia se arrependerão. Nem aí ficaremos satisfeitos. Mas também não adiantaria pedir-lhes o sangue, não vale a pena morrer sem sofrer. Não precisamos pensar em pagar com a mesma moeda, mas aí sim Deus saberá como agir. Poderemos falar com o ar de alívio que “Deus soube o que fez”.

Os jovens querem liberdade, mas nem eles sabem que tipo de liberdade preferem. Ficam à liberdade que é oferecida. Jogados nas ruas, cheirando, fumando, cometendo pequenos delitos ou não, sem sonhos e sem conhecimentos. Culpa totalmente de quem tem a responsabilidade de oferecer educação, esgoto encanado, o pão de cada dia na mesa. E diante de tantos problemas voltamos a nos perguntar: De que tanto os políticos brigam para aumentar os seus próprios salários? Meu Deus! Será que eles ainda não perceberam que o que já recebem é o suficiente pra dar uma boa educação para os filhos, tem um casa linda, maravilhosa, enquanto muitos nem esgoto têm, muito menos um pão para comer? Até quando eles vão se importar com a “gravata” que eles usam enquanto muitos humildemente pedem por uma vida melhor? Esqueceram que na voz de uma mãe que ainda não aprendeu a falar direito o nosso português, existe um filho que segue o mesmo caminho, mas com uma única diferença, se entregando a um mundo onde nada se aprende e tudo surpreende.

São nessas horas que muitos tinham que parar e ver a responsabilidade que cada um temos para poder ajudar o próximo. Não adianta esperar pelo governo e nem pelos políticos. Eles só se preocupam naquilo que é de interesse próprio. A sociedade que transforma um “Di menor”. Ela que impõe uma vida assim. Seja estudando ou vendendo bala ou furtando um carro. É somente um meio de sobreviver. Se a própria sociedade aceita que muitos vivem na rua, dão o direito de escolher pra onde querem ir. Se saem dos viadutos é para serem tratados como animais que nós mesmos os transformamos. Não adianta muito reclamar depois que o pior já aconteceu. Somos responsáveis se criamos crianças na escola ou nas ruas, se morrem num caixão de madeira ou se são jogados em latas de lixos.

Somos a sociedade iludida, revoltada, triste, preocupada e ao mesmo tempo sonhadora, tendo esperanças de deixarmos de ser campeões mundiais de violência contra os jovens, para superar os desastres que colaboramos e chegarmos a um futuro em que não será visto casos como do menino João Hélio.